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12 de março de 2013

António Aly Silva


António Aly Silva é um jornalista guineense cujo blog, Ditadura do Consenso, sigo há bastante tempo. Sempre que há problemas na Guiné é o Ditadura do Consenso que consulto. Porquê? Porque a informação é sempre credível com verdadeiro trabalho jornalístico por detrás, feito nalgumas situações com risco de vida. Informação que normalmente antecipava os média internacionais e que desconfio que muitas vezes lhes serviu de fonte.
O blogger/jornalista teve de abandonar a Guiné em Outubro conforme menção no relatório da Amnistia Internacional após ameaças e agressões protagonizadas pelos militares mas continua interventivo e acutilante como se pode ler nesta entrevista ao Megachip. Vale a pena ler e reflectir sobre os interesses que constrangem o desenvolvimento da Guiné. A questão referenciada no artigo a propósito do porto é sintomática!
Reflectir também sobre a necessidade de Cabo Verde continuar a levar muito a sério a luta contra o tráfico de droga internacional e colocar na ordem do dia e como prioridade absoluta a luta contra a corrupção.


1 de dezembro de 2011

SIDA

Reposting... um post de 2008
Mais um spot da Sidaction que achei interessante e perturbador até pela acusação explícita a muitos governos africanos que mesmo face a estatísticas demolidoras e taxas de prevalência que ultrapassam o susto demoraram a introduzir os retro-virais (felizmente não foi o nosso caso). Mais uma publicidade que vale um clik e fala por si.

5 de março de 2009

Mandato contra Bashir

TPI emite mandato de captura contra o presidente sudanês Bashir.
Mais de 300.000 vítimas aguardam por justiça.

Cartoon encontrado aqui

8 de janeiro de 2009

Africa, Yes we are doing

Em três meses de trabalho duro foi possível, em Kibera, no Kénia, transformar uma lixeira numa quinta orgânica produtora de legumes frescos. A comunidade beneficiada, cerca de trinta famílias, trabalhou duro para conseguir o milagre ilustrado nas fotos. Podem ver mais pormenores AQUI



30 de dezembro de 2008

A pobreza

A pobreza não é só um estado financeiro. Ser pobre afecta vida de muitas formas. O índice de pobreza humana usa indicadores não financeiros para a sua avaliação, como a esperança de vida, a literacia, a qualidade de água e a subnutrição das crianças.
O mapas da World Mapperpermitem vizualizar mediante a distorção da área dos países as regiões mais afectadas. De acordo com este mapa o índice de pobreza mais elevado encontra-se na zona central de África e o mais baixo no Japão.

3 de agosto de 2008

O Projecto Matrix

“Es detestable esa avaricia espiritual que tienen los que, sabiendo algo, no procuran la transmisión de esos conocimientos” MIGUEL DE UNAMUNO
Vale a pena ver, saber, conhecer e partilhar!!

29 de junho de 2008

Mu...gabe

Robert Mugabe tomou posse hoje, domingo, depois de ter sido declarado vencedor das eleições em que concorreu sozinho (uma maneira garantida de ganhar) e que segundo os observadores foi caracterizada pela violência e intimidação (sabe-se lá o que esperavam!!).
A UE recusa reconhecer o resultado das eleições mas Mugabe não está nem aí, tal como não está nem aí para as sanções que a comunidade internacional vai impondo ao Zimbabwe.Afinal, Mugabe, aos 84 anos, com (pois é não é!!)24 deles no poder, teve mais de 90,2% dos votos nesta farsa eleição. Segundo consta o dia da eleição foi pacífico...

26 de junho de 2008

Darfur

A situação no Sudão continua a deteriorar-se. A violência intensificou-se. Os preços crescentes da comida e dos preços do combustível reflectem-se na ajuda internacional que tende a diminuir. Dos 17000 homens da missão de pacificação prometidos em Julho de 2007 apenas 2000 chegaram ao Sudão.
Ás vezes a sensação de frustração e impotência instala-se. Tantos apelos, tantas vítimas e tanto tempo que passou. A situação continua a deteriorar-se e o que fica é a impotência internacional para resolver a crise de Darfur.
Mas vale a pena insistir. O silêncio mata. Dentro de duas semanas terá lugar mais uma reunião anual dos G8 no Japão. A Globe for Darfur lança mais uma acção: petição mundial enviada a esses oito líderes dos países mais poderosos do mundo para reforcem a sua acção.
ASSINA AQUI

23 de junho de 2008

Zimbabwe

A retaliação e violência sobre os apoiantes de Morgan Tsvangirai continuam a aumentar na proporção directa da aproximação das eleições presidenciais - as tais que Mugabe não quer perder. Há bem pouco tempo num raid policial foram detidos cerca de 60 apoiantes de Tsvangirai na sede do seu movimento. George Charamba o porta-voz de Mugabe afirmou à CNN que: "The government will act on anyone, anywhere who is thought to be contravening the laws of the country".
O mapa ao lado do blog This is Zimbabwe mostra as situações de intimidação e violência que têm acontecido o que leva à questão: onde não aconteceram?!
No domingo passado Morgan Tsvangirai desistiu das eleições presidenciais marcadas para 27 de Junho, considerando que a segurança dos seus apoiantes não estava garantida e que ao votar arriscavam a vida.
Hoje, Tsvangirai, procurou refúgio na Embaixada holandesa. Robert Mugabe não gostou da desistência que considerou tardia – além de poder aumentar a pressão internacional sobre o Zimbabwe - e recusou por isso o adiamento apesar dos apelos da oposição que se afirma disposta a negociar.
A luz ao fundo do túnel não quer aparecer para este país em que a seca atinge uma agricultura já devastada, onde mais de 4 milhões de pessoas dependem de ajuda alimentar e que tem uma esperança média de vida de 42,5 anos.
Enough is Enough. Rise up Africa.

22 de junho de 2008

Angola

Um repatriamento de fundos congelados provenientes do petróleo a Angola envolve acordo pouco claro com a RUAG empresa de armas suíça que possui fábricas na Suíça, Alemanha e Suécia, e é a maior fabricante de armas de pequeno porte da Europa – entre estas as bombas de fragmentação (cluster). Note-se que a Suíça foi um dos 111 estados a anunciar que irá assinar a Convenção de Munições de Fragmentação, um acordo histórico que proíbe o uso, produção e circulação de bombas de fragmentação.
O projecto de desminagem Angolano faz parte de um acordo datado de 2005 entre a Suíça e Angola para o repatriamento de 21 milhões de dólares de fundos públicos Angolanos (mais 3,2 milhões de dólares de juros), os quais foram desviados para contas bancárias suíças e congelados pelas autoridades suíças como parte de uma investigação de branqueamento de capitais. Os 21 milhões de dólares congelados faziam parte de 774 milhões provenientes de receitas de petróleo angolano depositados numa conta do UBS de Genebra entre 1997 e 2001 e que alegadamente destinados ao abatimento da dívida de Angola à Rússia mas cerca de 600 milhões de dólares foram transferidos para uma série de empresas obscuras e contas offshore pertencentes a oficiais angolanos de alta patente, incluindo o Presidente dos Santos. A investigação foi parada apesar dos apelos de cidadãos angolanos que têm apresentado novas provas!!
A RUAG apesar de não ter a capacidade necessária para execução deste serviço foi simplesmente nomeada sem qualquer concurso pelo Departamento Suíço para o Desenvolvimento e Assistência (DDC) o que levou diversas ONGs entre as quais a Global Witness a apelar às autoridades suíças para que reanalisem a sua decisão e promovam um concurso competitivo para o projecto de desminagem.
Quer-me parecer que dinheiros públicos angolanos que deviam ser repatriados e usados para projectos de desenvolvimento foram entregues a um fabricante de minas terrestres, as tais que tantas e tantas vidas fizeram em Angola. Um fixe sempre a ganhar para a RUAG…Custa-me a compreender estas coisas, mas sou eu que sou simplista decerto.

25 de maio de 2008

Violência contra a mulher

Um egípcio decapitou a própria filha porque desconfiou que ela tinha tido relações sexuais.
Esta notícia da AFP, de 24 de Maio, choca-me mas não é surpresa. A violência contra a mulher – um eufemismo essa expressão violência do género – atinge níveis inqualificáveis em muitos países. A excisão, a violação sistemática, o apedrejamento são práticas consolidadas em muitos países. A morte nas mãos de familiares que alegam desonra da família é uma realidade em muitos países. Há mulheres que sofrem violências que nem consigo imaginar.
Há poucos dias li um post tocante no blog Fantasia de uma egípcia. Denunciava este tipo de situações. E é desse blog que trago esta citação de Janis Joplin “Don't compromise yourself. You are all you've got.” São mulheres que estão sozinhas e apenas se têm a si próprias para enfrentar numa batalha que já dura há séculos a sociedade, a família, o sistema político, o sistema religioso... No mês passado, por exemplo, 26 activistas - jornalistas, editoras de sites, assistentes sociais - de direitos humanos iranianas foram presas pelo crime de defender a vida, a liberdade e os direitos humanos das mulheres.
Inqualificável isto no século XXI!!
Enquanto escrevo a CNN desenvolve a notícia que a Phoenix aterrou em Marte.

Morremos e ressuscitamos todos os anos

Dia de África. Tanta coisa para dizer de África, de nós africanos...
Fica apenas um poema, Flagelados do Vento Leste, de Ovídio Martins, marcou-me ainda criança. Este poema nosso, cabo-verdiano, africano, que elogia a coragem dum povo pode também, julgo eu, homenagear a coragem do povo africano.

Nós somos os flagelados do Vento-Leste!
A nosso favor
não houve campanhas de solidariedade
não se abriram os lares para nos abrigar
e não houve braços estendidos fraternamente para nós
Somos os flagelados do Vento-Leste!
O mar transmitiu-nos a sua perseverança
Aprendemos com o vento o bailar na desgraça
As cabras ensinaram-nos a comer pedras para não perecermos
Somos os flagelados do Vento-Leste!
Morremos e ressuscitamos todos os anos
para desespero dos que nos impedem a caminhada
Teimosamente continuamos de pé
num desafio aos deuses e aos homens
E as estiagens já não nos metem medo
porque descobrimos a origem das coisas
(quando pudermos!...)
Somos os flagelados do Vento-Leste!
Os homens esqueceram-se de nos chamar irmãos
E as vozes solidárias que temos sempre escutado
São apenas
as vozes do mar
que nos salgou o sangue
as vozes do vento
que nos entranhou o ritmo do equilíbrio
e as vozes das nossas montanhas
estranha e silenciosamente musicais
Nós somos os flagelados do Vento-Leste!

Flagelados do Vento Leste de Ovídio Martins via Con(ou sem)tigo

15 de maio de 2008

Bloggers Unite - Fome

Há coisas que não fazem sentido nesta África minha. Nesta África mil vezes esventrada. Nesta África sempre adiada… mas que resiste.
O abutre espera. Respeitoso mas a curta distância. Espera. Uma morte que já tem como certa. Pele e ossos é o que resta dessa criança. Ainda respira e é esse sopro de vida que o abutre respeita.
E nós? Que respeito temos pela vida? Catorze anos depois o que mudou?
Foto de Kevin Carter tirada no povoado de Ayod, no sul do Sudão em Março de 1993, publicada no New York Times. Ganhou o Pulitzer do fotojornalismo em 1994.
O fotógrafo sul-africano suicidou-se em 27 de Julho de 1994 depois ter recebido o Prémio.

O que aconteceu à criança sudanesa ninguém sabe.

O silêncio mata... a tua voz pode salvar!

A iniciativa Bloggers Unite para uma blogagem colectiva, pelos direitos humanos, pela esperança é importante. Chamam a atenção, trazem os temas para os media, para as mesas de café e convocam os dirigentes mundiais à acção. Vem-me à memória Martin Luther King: "o silêncio dos bons". é esse silêncio que temos de evitar!
Darfur é um desses exemplos. Sem a blogosfera e o trabalho de inúmeras associações pelos direitos humanos Darfur já teria sido esquecido.
Recupero um post de Março deste ano destacando um excerto duma entrevista do embaixador sudanês em Washigton ao Washigton Post:"See how many people are dying in Darfur: None," e à pergunta sobre os 2 milhões de desaparecidos respondeu "I am not a statistician."
A violência em Darfur aumentou novamente, com ataques das forças rebeldes por um lado e a retaliação governamental contra as populações por outro. Há poucos dias atrás bombas sudanesas caíram numa escola matando 13 pessoas, 7 das quais crianças. A comunidade internacional demorou mais de 48 horas a intervir. A força de paz internacional que depois de forte pressão foi aceite não tem meios de intervenção!
Há mais de quatro anos que Darfur espera por uma solução...

4 de maio de 2008

África está a mudar?

Surpreendi-me quando os sindicatos dos estivadores sul-africanos recusaram descarregar o navio chinês An Yue Jiang carregado com material de guerra que tinha como destino o Zimbabwe. Uma decisão que obrigou o governo da África do Sul a dizer que não à China. E se nos lembrarmos que a China é um dos maiores parceiros comerciais da África do Sul a surpresa ainda é maior.
Surpreendi-me quando Moçambique seguiu o mesmo caminho e recusou a entrada do navio o que forçou a China a anunciar que este estava de regresso à China depois das abortadas tentativas de entrar nos portos da África do Sul e Moçambique
Não me surpreendi quando surgiu a notícia de que o navio tinha atracado em Luanda e estava a descarregar apesar do governo angolano sublinhar que tinha autorizado a entrada no porto de Luanda mas não quaisquer descarregamentos do armamento. E se nos lembrarmos dos interesses chineses por essa África afora a inexistência de surpresa é mais do que natural!
Surpreendi-me quando o Conselho de Coordenação dos Direitos Humanos de Angola avançou com uma providência cautelar junto do Tribunal Marítimo de Luanda para impedir que o armamento chinês destinado ao Zimbabwe fosse descarregado em portos angolanos e solicitando que a carga fosse fiscalizada.
Surpreendi-me quando o tribunal angolano emitiu uma providência cautelar impedindo a descarga do material bélico. A providência cautelar refere ainda que o navio está autorizado a aportar na segunda-feira e que a sua carga vai ser fiscalizada.
Será que África está a mudar?

26 de abril de 2008

Mugabe - derrota confirmada

A Comissão Eleitoral do Zimbábue (ZEC) confirmou hoje a derrota que Mugabe não queria aceitar. Quando logo após as eleições de 29 de Março a ZEC contabilizou 109 lugares para a oposição liderada por Morgan Tsvangirai, do Movimento pela Mudança Democrática (MDC) contra 97 lugares do Zanu-PF Mugabe, alegando irregularidades, ordenou uma nova contagem em 23 dos 210 distritos do país.
Na sequência da re-contagem confirma-se a derrota histórica do partido do presidente Robert Mugabe, no poder há 28 anos. A recontagem já terminou em 18 distritos, segundo o presidente da ZEC, George Chiweshe, que esclareceu que não houve grandes mudanças e que espera ver concluída até segunda-feira a contagem dos votos das eleições presidenciais mas mesmo que o Zanu-FP vença nos cinco distritos que faltam, não conseguirá recuperar a maioria na Câmara. Aparentemente Mugabe perdeu igualmente a presidência mas aqui nada de resultados publicados...
Derrota confirmada, publicação à vista! E agora? Mugabe aceitará a derrota e a queda?

7 de abril de 2008

Miss Landmine Angola 2008

O título de Miss Minas Terrestres Angola 2008 – Miss landmine - foi ganho por uma mulher de 31 anos que perdeu parte duma perna ao pisar uma mina.
Criado pelo artista norueguês, Morten Traavik, este concurso de beleza que teve lugar no dia 2 de Abril tem sido rodeado de controvérsia.
Por um lado acusações de exploração das mulheres africanas e de que o dinheiro angariado para o concurso poderia ter sido utilizado para garantir alguma qualidade de vida e autonomia às vítimas.
A organização do concurso por seu turno diz ter por objectivos: chamar a atenção local e global para o problema das minas terrestres, questionar os conceitos pré-estabelecidos de perfeição física, celebrar a beleza verdadeira e substituir o termo "vítima" por "sobrevivente".
Quanto a mim, todos os meios são bons para lembrar a capacidade destrutiva das minas pessoais que segundo as UN continuam a estropiar entre 300 a 400 pessoas por ano, só em Angola.
Ver o site da organização e ler notícia aqui.


24 de março de 2008

The Greatest Silence: Rape in The Congo

Porque Março é mês da mulher e porque há coisas que perturbam nesta nossa África. Porque é horror. Para que se saiba e nunca se esqueça. Porque o silêncio tem de ser quebrado. Para que a mudança aconteça.
Extracto de documentário de Lisa F. Jackson, vencedora de um Emmy Award, que esteve em 2006 nas zonas de guerra do Congo oriental e documentou o horror vivido por mulheres de todas as durante o conflito - horrores que não são exclusivos do congo e se repetem, em maior ou menor grau, em todos os conflicos africanos - e os exemplos de resiliência, resistência, coragem e graça que nos dão a esperança.

16 de março de 2008

Surpreendente

Surpreendente pela positiva a afirmação de um cidadão guineense a propósito de um imposto instituído na Guiné:
"É bom pagar impostos porque os apoios financeiros que a Guiné-Bissau recebe são impostos doutros cidadãos", disse Bacar Sambu, um residente de Bissau.
Surpreendente (mas não devia ser) a consciência (arredia em muita gente) de que o desenvolvimento depende do esforço colectivo e daquilo que efectivamente o país produz, surpreendente ainda a consciência (muito arredia em muita gente) de que as ajudas externas são fruto do esforço, trabalho e impostos de outras pessoas.
A par da unanimidade na Guiné quanto à necessidade deste pagamento a preocupação com a gestão dos fundos gerados por este imposto no valor de Dois mil francos CFA por ano - cerca de 4 dólares - que recai sobre cada cidadão guineense de idade compreendida entre os 18 e 60 anos.
A ver vamos... mas é um passo em frente quando o cidadão tem consciência que é do seu bolso, do seu trabalho, do seu contributo que sai o desenvolvimento.
Por cá parece-me, às vezes, que falta a consciência da exiguidade do orçamento e de que este é em muito financiado por impostos pagos por trabalhadores de outras paragens... às vezes oiço falar como se estivéssemos no Dubai, num subsidia aqui, subsidia ali, faz isto, faz aquilo, devíamos ter isto, devíamos ter aquilo, que indicia a perfeita inconsciência de que o dinheiro sai do bolso daqueles que pagam impostos.

24 de janeiro de 2008

Fazedor de Utopias

Não pude estar presente no lançamento do “O Fazedor de Utopias – Uma Biografia de Amílcar Cabral» do escritor e jornalista angolano António Tomás. Gostaria de ter lá estado, quatro dias depois de se completarem 35 anos sobre a morte de Amílcar, em Janeiro de 1973 é bom ver publicada aqui em Cabo Verde uma biografia que tenta reconstituir a vida de Cabral e dar conta da época conturbada em que se desenrolou a gesta nacionalista africana.
Citando José Eduardo Agualusa “Tenho para mim que foi uma das figuras mais interessantes do século XX, uma espécie melhorada (muito melhorada mesmo) de Che Guevara africano. O facto de o seu nome e de a sua obra dizerem hoje tão pouco às novas gerações de intelectuais africanos, e de ser praticamente desconhecido fora do continente, afigura-se-me uma enorme injustiça”
Nalguns sectores estranha-se que o autor seja angolano! É-me indiferente, julgo que Amílcar atingiu o estatuto de personalidade mundial e talvez seja importante que esta primeira biografia tenha sido escrita nem por um caboverdiano nem por um guineense permitindo-lhe assim evitar a idolatria nacionalista e os equívocos e estereótipos (que já chateiam) partidarizantes com que teimamos em reescrever a história.
Em entrevista à Lusa António Tomás afirmou:
“Amílcar Cabral tinha um lado ingénuo muito grande. Entregou-se generosamente à causa da independência, na qual depositava uma grande esperança. Acreditou até ao fim, mesmo quando começaram algumas traições dentro do próprio PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde)”
“Em nome desse futuro, (Amílcar Cabral) ofereceu os melhores anos da sua vida e por ele morreu. Hoje, desaparecidas as utopias que animaram a luta por tais futuros, que lugar tem Amílcar Cabral?”, interroga-se o escritor e jornalista.
Amílcar tem um lugar maior! Na nossa história, na africanidade e na História Mundial!