20 de março de 2008

Fiquei contente

A campanha para as eleições autárquicas começou há algum tempo atrás (embora a CNE a anuncie lá para Maio) mas está muito, mesmo muito, maçadora.
De um lado o discurso costumeiro da fraude eleitoral; insinuações, claro, não vá a malta ganhar e depois é uma chatice, assim, insinua-se e concretizada a derrota fica provada a fraude – há malta que cresceu sem ouvir a história do Pedro e do Lobo.
Do outro a usual febre de obras, adoro autárquicas, devíamos tê-las de dois em dois anos, melhor todos os anos - há malta que julga que a malta acredita no Pai Natal.
Pelo meio a rotineira do partido único e a atroz ditadura que deixou traumas de urinol e incontinência urinária tão agudos que há quem considere liberdade mijar em público (celebrizada no Pedrabika).
Um único momento de emoção quando o ilustre Onésimo lançou para debate a ideia de cidades estado. A coisa parecia que ia animar. Tenho de confessar que fiquei encantada, finalmente fazia-se justiça ao perfil helénico que me caracteriza. A Atenas mindelense e a Esparta praiense, um show! Um must!
A ideia foi enxovalhada e ficou claro que debater ideias na (pré) campanha eleitoral nem pensar porque ideias é coisa reservada a alguns e debate é palavra que se interiorizou sem o de. Assim ficou-se no bate e caímos novamente na modorra.
A que propósito vem isto? Duma notícia que leio no Semana e me fez feliz. Financiamento para a gestão dos resíduos sólidos na Praia. Está aí uma boa notícia. O projecto pretende desenvolver um sistema de gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos de Santiago. Algo essencial, somos ilhas se não tratarmos e qualificarmos o lixo temos um problema! E grave. E a opção de deixar para os meu(s) filho(s) uma complicação exponencialmente maior para resolver não me agrada. Até porque o miúdo é daqueles que gosta de debate com de e já estou a ouvir… “Mãe explica-me mais uma vez porque é que a tua geração nem do lixo soube tratar!”. A culpa deste gosto dele não é minha, saiu ao pai (antes que me debatam)
Durante algum tempo pensei (naif que sou) que o saneamento e o tratamento dos resíduos sólidos seriam temas quentes na campanha autárquica e ai do candidato que não propusesse soluções. Mas nem cheiro dos temas que dos resíduos há muito! Umas fotos em placards denunciando aquilo que não precisa de denúncia porque está há vista... e verdade se diga que bastaria a CMP responder com umas fotos de há 10 anos e pronto, tínhamos, empate técnico.
Uma coisa é reclamar (isso todos fazemos que Graças a Deus somos convictamente reclamantes) outra é propôr soluções para um problema que só se resolve com dinheiro (muito) numa área onde é difícil encontrar financiamento. Mudar comportamentos também é bom mas só funciona para o futuro e ver a malta num mutirão à brasileira para uma limpeza… não é assim tão fácil e mantém-se a questão: o que fazer ao lixo!
Fez-me feliz a notícia do Semana. Apesar de o lixo não ser tema de campanha, uma das guerreiras que temos no Governo (pois eu cá assumo… voto género) lá começou a tratar do assunto e a pegar o touro pelos cornos. Luz ao fundo do túnel? O ambiente agradece! Nós também.
Espero que o debate à volta das soluções técnicas possíveis seja mesmo debate com de… e não se repita aquela coisa da suposta ETAR ali entre o Quebra Canela eu quebrava era os tipos que a fizeram e o Palmarejo.
Antes que me debatam este post escreveu-se sózinho apesar de reflectir o mau humor com que estou hoje. Podem não ler, fingir que não leram e se quiserem posso deletá-lo quando voltar o bom humor.

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