Fiquei sensibilizada pela carta que achou por bem remeter, a todos nós povo, por intermédio da Semana. Manda a boa educação que se responda às cartas que nos são dirigidas e apesar de me ter pautado pela inércia em ocasiões semelhantes, achei por bem aproveitar esta oportunidade para me redimir e seria mesmo muito rude não responder a uma tão amável missiva.
Não precisava tanta preocupação e pressa para transmitir a versão correcta e verdadeira dos factos. Veja lá que existe o hábito (da maior parte deste povo apesar de algumas ovelhas tresmalhadas) de deixar que certos assuntos sejam resolvidos nos Tribunais. Acho que é por causa deste hábito de respeito pelas instituições que em nosso nome promovem a acção penal e aplicam a justiça que nos chamam um Estado de Direito Democrático!
Deixe-me dizer que compreendo o interesse que, quem está a braços com processos judiciais, tem em promover nos jornais (ou até na TV se houver verba para isso) os seus pontos de vista particulares, enfim, cai sempre bem um tempo de antena (uma página inteira ainda é carito, só para quem pode) para explicar as coisas fora do foro legal chamado tribunal. Aliás isso não é inédito entre nós. Os tribunais e as leis são coisas muito maçadoras...
A despropósito: parece que temos lá na Constituição umas coisas chamadas presunção de inocência e direitos de defesa do arguido com contraditório e tudo… Mas pronto sou eu a divagar. Nos países civilizados qualquer cidadão envolvido num processo manda amáveis recados ao sistema judicial tipo "ó pá não te deixes influenciar pelo fládu flá e já agora os factos verdadeiramente factos são estes?".
Apesar de me sentir um pouco confusa com algumas explicações, vou confessar que partilho as suas preocupações. Isto nem parece nosso! Apreendem armas e como se não bastasse o dono delas é detido só por não ter licenças e não ter declarado o transporte? Ora essa!! Uma pessoa já não pode transportar armas dum lado para o outro? Então aquelas regras sobre transporte de armas não são para decorar as alfândegas e tapar os buracos da parede? E aqueles avisos sobre o transporte de substâncias potencialmente perigosas são a sério?
E eu que julgava que as licenças os manifestos de cargas só se aplicavam nos países de primeiro mundo. Nunca me passou pela cabeça que se aplicavam aqui. Deve ser influência daquelas parcerias europeias e da globalização. E mais… é absurdo um país como Cabo Verde ter legislação que criminaliza a posse de arma sem licença. Ainda por cima crime abstracto... não temos Louvre nem Prado mas temos abstractos no Código Penal.
Não estranho que tenha achado, o que me conta, muito estranho e se calhar até uma leviandade das nossas autoridades. Abrir instrução por uma coisinha destas. Uma aberração! Então não se vê logo que foi um lapso meter as armazinhas no bidonzinho? Outro lapso o bidonzinho ir parar ao contentorzinho? E por causa destes zinhos incomoda-se assim as pessoas? Só porque as armas não foram manifestadas e declaradas? Que coisa mais estranha! Diz e muito bem que homicídio é que é crime! Agora fazer entrar armas no país sem dar cavaco a ninguém é uma bagatela. Como é que fica a morabeza cabo-verdiana?! E as assadas? Como é que ficam as assadas?
Deixe-me dizer que essa parte dos segredos entre marido e mulher hum hum… deixou-me um pouco constrangida. Não me parece muito bem estar a comentar, mesmo que só entre nós, parece riola. Felizmente não somos como essa malta lá estrangeiro que não respeita essas coisas entre marido e mulher. Aproveitavam logo para prender toda a gente incluindo o gato, o cão e o papagaio que em família não há segredos. Se não sabe, devia saber é o que os brutos iriam pensar e só se safavam as tartarugas que são espécie protegida.
Para terminar, que esta carta já vai longa, tenho de mais uma vez concordar com a sua epístola e acreditar na Justiça Divina: lá dizia o Virgílio da Eneida "aprende a conhecer a justiça e a não desprezar os deuses".
Para ajudar e não vá toda a gente resolver responder permita-me propor uma poll. É só disponibilizar um leque de opções e a malta escolhe a resposta que quer dar. E estas modernices já trazem uma opção “Eu acho que…" e cada um escreve o que entender se não estiver satisfeito com as opções. Muitíssimo Estado de Direito Democrático, não acha?
Não precisava tanta preocupação e pressa para transmitir a versão correcta e verdadeira dos factos. Veja lá que existe o hábito (da maior parte deste povo apesar de algumas ovelhas tresmalhadas) de deixar que certos assuntos sejam resolvidos nos Tribunais. Acho que é por causa deste hábito de respeito pelas instituições que em nosso nome promovem a acção penal e aplicam a justiça que nos chamam um Estado de Direito Democrático!
Deixe-me dizer que compreendo o interesse que, quem está a braços com processos judiciais, tem em promover nos jornais (ou até na TV se houver verba para isso) os seus pontos de vista particulares, enfim, cai sempre bem um tempo de antena (uma página inteira ainda é carito, só para quem pode) para explicar as coisas fora do foro legal chamado tribunal. Aliás isso não é inédito entre nós. Os tribunais e as leis são coisas muito maçadoras...
A despropósito: parece que temos lá na Constituição umas coisas chamadas presunção de inocência e direitos de defesa do arguido com contraditório e tudo… Mas pronto sou eu a divagar. Nos países civilizados qualquer cidadão envolvido num processo manda amáveis recados ao sistema judicial tipo "ó pá não te deixes influenciar pelo fládu flá e já agora os factos verdadeiramente factos são estes?".
Apesar de me sentir um pouco confusa com algumas explicações, vou confessar que partilho as suas preocupações. Isto nem parece nosso! Apreendem armas e como se não bastasse o dono delas é detido só por não ter licenças e não ter declarado o transporte? Ora essa!! Uma pessoa já não pode transportar armas dum lado para o outro? Então aquelas regras sobre transporte de armas não são para decorar as alfândegas e tapar os buracos da parede? E aqueles avisos sobre o transporte de substâncias potencialmente perigosas são a sério?
E eu que julgava que as licenças os manifestos de cargas só se aplicavam nos países de primeiro mundo. Nunca me passou pela cabeça que se aplicavam aqui. Deve ser influência daquelas parcerias europeias e da globalização. E mais… é absurdo um país como Cabo Verde ter legislação que criminaliza a posse de arma sem licença. Ainda por cima crime abstracto... não temos Louvre nem Prado mas temos abstractos no Código Penal.
Não estranho que tenha achado, o que me conta, muito estranho e se calhar até uma leviandade das nossas autoridades. Abrir instrução por uma coisinha destas. Uma aberração! Então não se vê logo que foi um lapso meter as armazinhas no bidonzinho? Outro lapso o bidonzinho ir parar ao contentorzinho? E por causa destes zinhos incomoda-se assim as pessoas? Só porque as armas não foram manifestadas e declaradas? Que coisa mais estranha! Diz e muito bem que homicídio é que é crime! Agora fazer entrar armas no país sem dar cavaco a ninguém é uma bagatela. Como é que fica a morabeza cabo-verdiana?! E as assadas? Como é que ficam as assadas?
Deixe-me dizer que essa parte dos segredos entre marido e mulher hum hum… deixou-me um pouco constrangida. Não me parece muito bem estar a comentar, mesmo que só entre nós, parece riola. Felizmente não somos como essa malta lá estrangeiro que não respeita essas coisas entre marido e mulher. Aproveitavam logo para prender toda a gente incluindo o gato, o cão e o papagaio que em família não há segredos. Se não sabe, devia saber é o que os brutos iriam pensar e só se safavam as tartarugas que são espécie protegida.
Para terminar, que esta carta já vai longa, tenho de mais uma vez concordar com a sua epístola e acreditar na Justiça Divina: lá dizia o Virgílio da Eneida "aprende a conhecer a justiça e a não desprezar os deuses".
Para ajudar e não vá toda a gente resolver responder permita-me propor uma poll. É só disponibilizar um leque de opções e a malta escolhe a resposta que quer dar. E estas modernices já trazem uma opção “Eu acho que…" e cada um escreve o que entender se não estiver satisfeito com as opções. Muitíssimo Estado de Direito Democrático, não acha?