14 de setembro de 2009

De volta

Um misto de férias e preguiça mental tem-me mantido longe do blog mas cá estou de volta e para celebrar o regresso, Eugénio de Andrade

No fim do verão
No fim do verão as crianças voltam,
correm no molhe, correm no vento.
Tive medo que não voltassem.
Porque as crianças às vezes não regressam.
Não se sabe porquê mas também elas morrem.
Elas, frutos solares: laranjas romãs dióspiros.
Sumarentas no outono.
A que vive dentro de mim também voltou; continua a correr nos meus dias.
Sinto os seus olhos rirem; seus olhos pequenos brilhar como pregos cromados.
Sinto os seus dedos cantar como a chuva.
A criança voltou. Corre no vento.

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